Desvendando a sexualidade com Reich: potência orgástica, ansiedade e entrega
Você já sentiu que a conversa moderna sobre sexo, focada em performance, técnicas e conquistas, parece vazia? Que, apesar da aparente liberdade, algo fundamental se perdeu no caminho? Se essa sensação parece familiar a você, talvez seja hora de conhecer a perspectiva, tida como revolucionária, de Wilhelm Reich sobre sexo e sexualidade.
Para a Terapia Reichiana, a sexualidade não é apenas um ato ou um prazer momentâneo. É a mais pura expressão da nossa energia vital, um barômetro da nossa saúde emocional e da nossa capacidade de nos entregarmos à vida.
A diferença crucial: sexualidade para Freud e para Reich
Muitos conhecem a importância que Freud deu à libido como motor da psique. Para ele, a sexualidade era uma força primária cujas repressões geravam os sintomas neuróticos. Wilhelm Reich, seu discípulo mais brilhante, foi além.
Reich concordava com a base, mas percebeu que essa energia (que ele chamou de “energia de orgone”) não era apenas um conceito psíquico. Ela tinha uma manifestação física, biológica e observável no corpo. Para Reich:
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A sexualidade é bioenergética: É o fluxo de energia vital através do organismo.
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A repressão é corporal: A repressão sexual e emocional não fica “na mente”, ela se materializa em tensões musculares crônicas, as couraças musculares, que bloqueiam o fluxo de energia e sentimentos.
A grande complementaridade e, ao mesmo tempo, o avanço de Reich foi tirar a sexualidade do abstrato e trazê-la para a realidade do corpo.
A Função do Orgasmo: um manual usado, mas pouco compreendido
É comum ver profissionais, incluindo terapeutas sexuais, citando o livro “A Função do Orgasmo” como uma credencial. No entanto, muitos o utilizam de forma superficial, focando apenas nos aspectos mecânicos do prazer ou do orgasmo, sem compreender a totalidade do pensamento reichiano.
Eles pegam a “cereja do bolo” sem entender a receita. A obra de Reich não é um manual de técnicas sexuais, mas um tratado profundo sobre a economia energética do ser humano. Falar da função do orgasmo sem falar de couraça muscular, fluxo energético e potência orgástica é esvaziar completamente o seu significado.
Como a sexualidade é abordada na Terapia Reichiana?
Um terapeuta reichiano não fará um interrogatório sobre sua vida sexual. A abordagem é muito mais sutil e integrada. A sexualidade é um tema que emerge naturalmente porque ela está impressa em tudo o que somos:
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Na sua postura corporal;
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No seu padrão respiratório;
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No tom da sua voz;
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Nas áreas do corpo que são tensas ou “desligadas”;
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Na sua capacidade de sentir e expressar raiva, tristeza ou alegria.
Perguntas sobre a vida afetiva e sexual podem surgir, claro. Mas os pacientes são sempre livres para responder dentro de seu conforto e do vínculo terapêutico. O interessante é que a forma como você reage à pergunta — o desconforto, a vergonha, a racionalização ou a fluidez — já é, em si, um material terapêutico riquíssimo. Isso nos mostra como sua energia vital e sexual se expressa (ou se reprime) no dia a dia.
O que é Potência Orgástica? (E não, não é sobre múltiplos orgasmos)
Este é o conceito central e mais mal interpretado de Reich. Potência orgástica não é a capacidade de ter um orgasmo, mas sim a capacidade de se entregar, sem inibições, ao fluxo de energia biológica. É a aptidão para uma descarga completa da excitação sexual na culminância do ato.
Essa capacidade não se restringe ao sexo. Uma pessoa com alta potência orgástica tende a ser mais vibrante, criativa, presente e capaz de se entregar plenamente a outras experiências da vida, seja no trabalho, na arte ou nos relacionamentos. O orgasmo genital é apenas a sua manifestação mais intensa.
“O amor, o trabalho e o conhecimento são as fontes da vida e deveriam governá-la” – REICH, Wilhelm
A Curva Orgástica: o mapa da energia sexual
Para entender a potência orgástica, precisamos conhecer a curva do orgasmo, que descreve o ciclo da energia sexual em quatro fases:
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Tensão Mecânica: A excitação inicial, o toque, o atrito.
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Carga Bioenergética: A energia se acumula no corpo, a excitação aumenta.
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Descarga Bioenergética: O orgasmo, com contrações musculares involuntárias e a descarga total da energia acumulada.
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Relaxamento Mecânico: Uma profunda sensação de relaxamento, paz e satisfação toma conta do corpo.
Muitas disfunções sexuais ocorrem por uma interrupção nesta curva.

Mitos e verdades à luz da Curva Orgástica
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O sono profundo após o sexo é um bom sinal? Sim! Ao contrário do que muitos pensam (“apagou e me deixou de lado”), o sono profundo e restaurador pode ser um forte indicativo de que a quarta fase (Relaxamento) foi atingida. Significa que houve uma descarga energética completa, e o sistema nervoso parassimpático assumiu, promovendo relaxamento total.
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Multiorgasmo feminino e o curto período refratário masculino: Reich era cético sobre a ideia de múltiplos orgasmos sequenciais, pois acreditava que um orgasmo verdadeiramente potente (com descarga total) exigiria um período de relaxamento profundo. Do mesmo modo, um homem que tem um orgasmo e em poucos minutos já está pronto para outro pode não ter completado a curva, vivendo uma série de “espasmos de prazer” sem atingir a descarga e o relaxamento profundos.
Os desafios modernos: ansiedade de desempenho e pornografia
A busca incessante por performance é a grande inimiga da entrega. A ansiedade de “ser bom na cama” cria tensão mental e, consequentemente, tensão muscular. Isso impede que a energia flua livremente, sabotando a ereção, a lubrificação e a própria capacidade de sentir prazer.
A pornografia, por sua vez, agrava esse quadro ao criar um ideal mecânico e performático de sexo, desconectado da afeto, da entrega e da vulnerabilidade que uma troca real exige. Ela treina o cérebro para uma excitação visual e rápida, minando a paciência e a conexão necessárias para percorrer a curva orgástica de forma saudável com outra pessoa.
“Meu Pênis não funciona”: a complexidade por trás da disfunção
Um homem que busca terapia para disfunção erétil muitas vezes quer uma “solução mágica” para o pênis. A abordagem reichiana o convida a olhar para si mesmo como um todo. A questão não está no órgão, mas no organismo.
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Como ele lida com a pressão no trabalho?
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Ele consegue expressar suas emoções ou as engole?
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Como está sua respiração? Curta e ansiosa?
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Ele se permite ser vulnerável?
O processo terapêutico, muitas vezes, é uma desconstrução. Desconstruir a ideia de que o homem precisa ser uma máquina de performance para entender que a verdadeira potência está na capacidade de sentir e se entregar.
Sexo é entrega. Mesmo que seja casual. É a permissão para que o seu corpo, com suas pulsações e sensações involuntárias, assuma o controle por um instante. É um ato de profunda confiança e vulnerabilidade.
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Marcelo Ivanovitch
Terapeuta Reichiano
Atendimentos presenciais no Rio de Janeiro e online para todo o Brasil