Os 7 Segmentos Musculares na Terapia Reichiana
Você já sentiu uma dor nos ombros que nunca passa, uma mandíbula que vive travada ou um nó na garganta que parece ter vida própria? Muitas vezes, essas tensões crônicas não são apenas físicas. Elas são a linguagem do seu corpo, a forma como ele guarda emoções, medos e traumas que a mente tentou esquecer.
Na Terapia Reichiana, entendemos que o corpo, as emoções e a mente são inseparáveis. E o caminho para decifrar essa linguagem corporal começa com um conceito revolucionário de Wilhelm Reich: a couraça muscular.
O que é a Couraça Muscular? A armadura que nos protege e aprisiona
Imagine uma armadura invisível. Ela foi construída, placa por placa, ao longo da sua vida para protegê-lo(a) de experiências emocionais dolorosas, especialmente na infância. Cada frustração que precisou ser engolida, cada medo disfarçado de indiferença, cada necessidade de afeto que foi ignorada, tudo isso se transformou em uma tensão muscular crônica. Reich chamou essa defesa de couraça muscular.
No início, essa armadura serviu a um propósito. Mas, com o tempo, ela se tornou rígida, limitando não somente a dor, mas também a alegria, a espontaneidade e o prazer. Em vez de proteger, ela aprisiona. É essa couraça que a Terapia Reichiana busca identificar e flexibilizar, e o mapa para isso são os sete segmentos musculares.

O mapa do corpo: viajando pelos 7 Segmentos Musculares
Reich observou que a couraça não é aleatória. Ela se organiza em sete anéis de tensão principais, dispostos da cabeça aos pés, refletindo as fases do nosso desenvolvimento emocional. Cada segmento bloqueia o fluxo de energia e emoções específicas.
Vamos viajar por esse mapa?
1. Segmento Ocular: o filtro do mundo
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Região: Músculos ao redor dos olhos, testa, couro cabeludo e parte superior das bochechas.
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O que ele guarda: Medo de ver a realidade, dificuldade de contato e de se vincular.
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Sintomas comuns da couraça: Olhar vago, fixo ou “morto”, enxaquecas, sensação de estar “atrás de um vidro”, dificuldade em chorar ou expressar emoção pelos olhos.
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Reflexão terapêutica: Uma couraça ocular forte é um escudo contra o mundo. A pergunta aqui é: o que você tem medo de ver ou de deixar que vejam em você?
2. Segmento Oral: a fome de afeto
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Região: Boca, mandíbula, queixo, lábios e garganta.
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O que ele guarda: Necessidades de afeto não atendidas, repressão do choro, da raiva e do desejo de sugar (nutrição emocional).
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Sintomas comuns da couraça: Bruxismo, tensão na mandíbula, voz contida, compulsões (comer, fumar), dificuldade em pedir ajuda.
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Reflexão terapêutica: Este segmento ecoa as primeiras fases da vida. A repressão de gritos e da necessidade de ser acolhido congela a expressão nesta área.
3. Segmento Cervical: o controle das emoções
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Região: Pescoço, nuca e músculos profundos da garganta.
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O que ele guarda: O orgulho ferido, a repressão do choro e da raiva. É o famoso “engolir sapos”.
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Sintomas comuns da couraça: Rigidez no pescoço, torcicolos frequentes, sensação de “nó na garganta”, voz trêmula ou estrangulada.
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Reflexão terapêutica: É a ponte (ou a barreira) entre o pensar e o sentir. Uma couraça forte aqui indica um controle rígido para manter a “pose” e não se entregar às emoções.
4. Segmento Torácico (ou Peitoral): a prisão do coração
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Região: Músculos do peito, ombros, omoplatas e braços.
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O que ele guarda: Emoções sociais profundas como amor, anseio, tristeza e pesar.
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Sintomas comuns da couraça: Peito retraído, ombros curvados, respiração curta e superficial, sensação de “peso no coração”, incapacidade de se entregar afetivamente.
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Reflexão terapêutica: O peito é o lar do nosso coração. Uma couraça aqui revela o medo de se abrir para o amor, de amar e ser amado, por medo de ser ferido novamente.
5. Segmento Diafragmático: a tampa da explosão emocional
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Região: Diafragma, estômago, plexo solar e costelas inferiores.
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O que ele guarda: É uma barreira poderosa que impede que as emoções viscerais (raiva, prazer intenso, angústia) subam e sejam expressas.
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Sintomas comuns da couraça: Respiração bloqueada (dificuldade de inspirar profundamente), riso nervoso, soluços frequentes, ansiedade.
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Reflexão terapêutica: O diafragma é a chave para o fluxo da energia vital. Quando tensionado, ele divide o corpo em dois, impedindo a integração e a vivência de emoções em sua plenitude.
6. Segmento Abdominal: o centro da vontade e da raiva
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Região: Músculos do abdômen e da região lombar.
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O que ele guarda: Raiva, ressentimento, medo de agressão e a própria vontade (o “gut feeling” ou sentimento visceral).
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Sintomas comuns da couraça: Barriga tensa ou “inchada”, prisão de ventre, dores lombares, dificuldade em dizer “não” ou se posicionar.
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Reflexão terapêutica: É aqui que somatizamos frustrações e reprimimos os impulsos que nos levariam à ação. A rigidez abdominal está ligada ao medo de expressar nossa força no mundo.
7. Segmento Pélvico: a fonte do prazer e da vitalidade
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Região: Pelve, quadris, genitais e pernas.
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O que ele guarda: Excitação sexual, prazer, raiva primária e ansiedade existencial.
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Sintomas comuns da couraça: Quadris rígidos e “congelados”, falta de sensibilidade genital, disfunções sexuais, medo de se entregar, pernas tensas ou fracas.
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Reflexão terapêutica: É o segmento final e, muitas vezes, o mais fortemente reprimido em nossa cultura. Uma pélvis bloqueada impede a pulsação do prazer e da energia vital, resultando em uma sensação de desconexão com a própria vida.
Como a Terapia Reichiana libera os Segmentos Musculares?
O trabalho na clínica reichiana é um convite para o corpo falar. O terapeuta não vai “quebrar” a couraça, mas sim ajudar você a percebê-la e a flexibilizá-la, devolvendo o fluxo natural da energia. Isso acontece por meio de:
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Respiração Consciente: A respiração é a principal ferramenta para mobilizar a energia contida.
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Actings (movimentos expressivos): Exercícios e posturas específicas que provocam a tensão crônica, permitindo que a emoção represada venha à tona e seja liberada.
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Toque terapêutico: Com consentimento e ética, o toque em pontos de tensão pode ajudar a “despertar” áreas adormecidas do corpo.
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Consciência corporal e verbalização: Unir a sensação física com a memória emocional, dando um novo significado à sua história.
O objetivo é restaurar a capacidade do seu organismo de pulsar, de se carregar de energia e de se descarregar através da expressão e do prazer.
Uma conclusão: o corpo como caminho para a verdade
A abordagem reichiana nos lembra que o corpo é a mente visível. Ele não mente. Nele está gravada toda a sua jornada emocional.
Compreender os segmentos musculares é mais do que um mapa teórico; é uma porta de entrada para se reconectar com sua verdade mais profunda. É aprender a escutar o que seu olhar desvia, o que sua respiração reprime e o que sua tensão denuncia. Porque, como queria Reich, a meta não é somente curar, mas viver com mais vitalidade, prazer e pulsação. E esse caminho começa no corpo.
Pronto para decifrar o mapa do seu corpo e iniciar sua jornada de liberação?
Se você se identificou e quer conhecer essa abordagem na prática, entre em contato.
Ofereço uma entrevista online gratuita e sem compromisso, para que eu possa entender suas necessidades, esclarecer dúvidas e para avaliarmos juntos as possibilidades de um trabalho terapêutico.
Marcelo Ivanovitch
Terapeuta Reichiano
Atendimentos presenciais no Rio de Janeiro e online para todo o Brasil